6.26.2010

Depois do São João... Antes do São Pedro... Até a defesa!!!

Bem... continua a peleja da menina com as palavras e números!
Mas não são quaisquer palavras... Tem que ser as palavras-números, palavras-exatas, corretas; aquelas que, somente elas, cabem na ideia, concatenadamente, e formam frases também concatenadas; criando parágrafos e mais parágrafos, e capítulos que, juntos, justifiquem a tese!

E, mais uma vez, vem a pergunta:

_ QUE TESE É ESSA?

A minha, da minha ciência, que é de todos e é feita para todos, sem demagogia. Que será publicada, tornada pública (e isto, a exemplo da MINHA dissertação, nem sempre traz boas novas, poque sempre tem alguém que usa o trabalho dos outros sem, sequer, citá-los como AUTORES!!!). Mas esta é uma outra história...

Obviamente que me cabe uma grande parte deste latifúndio "tesal" (ou seria "tesístico"? risos...): o diploma de DOUTORA! Sim, Doutora, com doutorado! Esta parte vai direto para meu Curriculum Vitae! E nunca poderá ser negada ou retirada de lá, porque o título é único e exclusivo de quem a escreve e defende de forma honesta... Sem falsidade ideológica ou compra de textos prontos... E isso também é uma outra história...

A história de hoje registra o cansaço, o labor, a dedicação, as noites sem dormir direito e sem dormir inteira com meu querido, enquanto ele dorme feito um menino...; registra os dias sem ver o mar e sem falar com outras pessoas, sem poder viajar e rever meus pais, minhas irmãs e meus sobrinhos, cunhados, amigos e bichos...

A história de hoje registra os 34 anos de estudo, sem nerdismo (nada contra os nerds... cada um a sua maneira...), os trinta e quatro anos de vida estudando, uns anos mais do que os outros, é bem verdade... Mas são 34 anos de dedicação, de formação, de pensamento e esforço contínuos para chegar e "tesar" umas centenas de páginas cheias de palavras e números e tabelas e figuras.

Números calculados, levantados, estimados; números iniciados com o umzinho que aprendi antes de completar 01 ano de vida, e que somei, somei, diminui, multipliquei e dividi, e calculei com equações e inequações de primeiro, segundo e tantos graus... Com derivadas e integrais simples, duplas, triplas... Nos conjuntos natural, inteiro, racional, real e complexo. Usando de todos os artifícios matemáticos, físicos, químicos da minha mente e corpo. Rindo e chorando de emoção e raiva quando dos acertos e erros, respectivamente, claro!

Claro, não! Às vezes chegava a ficar tão confusa, depois de horas de estudo quase improdutivo, que chorava de raiva ao acertar um cálculo. E isso não era o princípio da minha quase (quase?... risos e gargalhadas) insanidade... Apenas a constatação de que o caminho correto estava tão claro, que eu preferia errar, apagar, riscar e errar de novo, até deixar as folhas semitransparentes de tanto esfregar a borracha branca TK(!), e dificultar a coisa; porque a gente sempre espera que a matemática, o cálculo sejam tiranamente formulados para perdermos o sono!!!

Mas, depois de todo este caminho, que nem é o mais brilhante e esplendoroso da ciência, mas é o meu, quase fica um vazio, uma saudade... Depois da defesa, da tese pronta e publicada esperando o plágio de alguns e as citações de outros (por favor), como vou ser, viver, pensar sem ter que perder o sono, sem ter que estudar e digitar durante 16 horas por dia?... Então terei crescido e já, assim, terei que decidir quem eu vou ser?

Real, nisso tudo, é a certeza de que os 15 anos que meu pai passou dirigindo um fusquinha branco (mesmo que ele desejasse muito ter um carrão prateado), e investindo seu precioso e suado dinheiro na educação das 05 filhas, assim como o da nossa mãe, valeram a pena porque produziram 05* prodígios que fazem CIÊNCIA e tem VIDA REAL; que tem ideias proprias, convicçoes e sao portadoras de toda a vontade de mudar o mundo.


E foi essa vontade imensa que me fez chegar até aqui sem desistir, sem abandonar a ideia (muitas vezes ininteligível para muitos) de contribuir para a ciência que tem aplicação real, na vida real das pessoas, ciência que pode gerar melhorias diretas para a sociedade e para o meio ambiente (que é todo ambiente, Bruno!) e sentir-me fazendo algo de bom e que ficará para sempre registrado em palavras e números, e que terá movimentado mais matéria ao longo de sua tragetória do que nenhum bumbum rebolante filmado dioturnamente jamais será capaz de fazer. E terei feito isso sem precisar mostrar nem peitos nem bunda, sem mostrar nada além daquilo que o cérebro de uma mulher é capaz de fazer e que a grande maioria fica à margem: PENSAR!


* In memorian de SUZANA MICHELINNE DELLABIANCA ARAÚJO, cientista nata e viva aqui dentro dos nossos corações.